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segunda-feira, 16 de maio de 2011

"DOR FILIAL"


"Ela é tomada, de repente, por uma avalanche de pensamentos, envolvida por uma tempestade de sentimentos confusos.
Tentando fugir de si mesma, cerrando os olhos estrategicamente para não assistir à própria realidade.
Esquivou-se, fingiu esquecer-se, tudo em prol de dias melhores.
Mas, como na história em que o beija-flor tenta apagar o incêndio que se alastra pela floresta, carregando em seu pequeno bico uma gota d´água, percebe que as suas forças não são suficientes para modificar as marcas que a vida pregou neles.
A tristeza recheia seu peito frágil, desiludido...
O sorriso que outrora se via, fecha as suas portas, para dar vez a uma face, ainda que doce, sem brilho.
Como não se perder no caminho? Como manter os pés no chão? Como sustentar as forças?
Terá que, mais uma vez, buscar em si mesma aquilo que a vida teria por obrigação de lhe dar gratuitamente? Mas, não é por isso mesmo que eles existem? Onde estão? E, se aqui estão, por que não exercem o seu papel de fontes de estímulo, carinho e compreensão?
Ele, tão mais envolvido e preocupado com as suas aspirações, nem consegue lembrar da sua existência. Ela, derramada no mar de suas frustrações e amarguras, não se sente capaz nem de acreditar numa possível existência de amor incondicional.
'Deverá mesmo existir alguma condição para possuir esse amor?' - questionam os seus olhos pequenos, mareados de dor filial, suplicantes por não perder a crença naquilo que considera, ainda que não o sinta, o amor gratuitamente alimentado pelo simples fato de ser fruto do enlace que um dia os uniu".

[Lavínia Lins]



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